17.2.10

Sururu

E quando ando sururu?



E quando estou com a neura?



Só se nota em casa. Raramente me vêem assim na rua, no trabalho, no café, num bar ou num museu.



Fico sururu com a monotonia.



Quando quero escrever e nada me ocorre.



Quando a leitura não me prende.



Quando a novidade é inexistente.



Quando o tempo está horroroso que não dá para passear, ou secar roupa.



Quando tenho de gastar muito dinheiro sem dar para o IRS.



Ou... Quando tenho coisas a tratar na Segurança Social.



Basicamente.



Amuo comigo própria e depois passa. Até é simples de aturar.



I guess...





15.2.10

Descansa em paz.

O meu dia tinha sido maravilhoso.
Preparativos de casamento, vestido lindo e barato.
Sorrisos.
E visitei o Santuário de Fátima na qualidade de adulta. Em criança o fascínio é maior por sermos pequenos.

E à noite vejo um acidente.
Sem que ninguém pudesse evitar, morreu um jovem rapaz, 27 anos, pai de dois filhos.
Sem saber que aquele vulto encoberto por um lençol branco, eu chorei.
Chorei pela estupidez do acidente, pela morte cruel trazida pela velocidade. Não sabia quem era. Mas chorei.

E voltei a chorar ao saber a sua identidade.
Jovem tímido, de sorriso irónico, mas bom rapaz.
Pai estremoso, atleta e bom marido.

Foi uma semana difícil. Chorava por tudo e por nada, andava nervosa com aquela imagem do corpo pelo chão. E eu era quase desconhecida dele.

Este acidente e triste ventura teve um efeito negro sobre a aldeia. Todos tristes, chocados e incrédulos.
Uma esposa jovem viúva e mãe.

Não imagino o que possa sentir, mas deve ser horrível não sentir mais a presença do seu cônjuge, uma separação sem adeus.

A vida é uma dádiva que a muitos é tirada cedo.
Outros vivem-na sem senti-la decentemente.
Ou vivem para a tirar a outros.

Não entendo tais posturas.
Mas esta sou eu.
Durona numas coisas, mas quando se trata de humanidade... Fico de rastos.