20.6.10

Adeus de longe/perto ao Saramago


Tive tempo, mais uma vez, e oportunidade de prestar a minha última, sendo também primeira, homenagem à ilustre figura da literatura portuguesa, o Saramago.
Bastava umas estações de metro ou uma subida ao Alto de S. João.

Mas não fui. Vi pela televisão. Recusei-me a ir, pelo simples facto de ter havido lágrimas. Uma pessoa que tanto escreveu, chocou e acarinhou os Direitos Humanos, devia ser homenageado com palmas, música e nunca com lágrimas. A família, essa, entendo que verta lágrimas por ele. Mas o Povo Português devia rir e cantar neste dia.

Exemplo de agitador de mentes. Ateu. E no entanto, escreveu muito sobre Deus. Uma prova de que ele vivia em conflito com a religião. E os conflitos ideológicos são positivos, desde que não levem à violência e à opressão.

14.6.10

Tive tempo

Não tenho tempo.
Nem sofrimentos sobre que escrever. Parece tudo equilibrado.
Tenho saudades de passar a caneta pelo papel. Das palavras decorridas à velocidade e ao sabor dos pensamentos.
De dar musicalidade às letras. Pelo menos, a minha musicalidade.
E é essa que me interessa. Quando nos faz sentido, atinge-se um belo objectivo. Depois há as introduções e teorias da literatura para estudar as palavras ambíguas e misteriosas do poeta ou escritor que sofre.

A arte, para mim, é a expressão do sofrimento por excelência.

Da emoção difícil de digerir. Da problemática humana.


E eu sei que por vezes sou problemática.
Pânico sinto, em maioria, nas coisas mais pequenas.
As grandes só se podem construir com o tempo.

Porém, basta sentar-me num miradouro para melhor relativizar as coisas.
Dali, pouco importa mais que a arquitectura e a beleza da cidade.

E quando ando fula, passada, com os nervos em franja, nada como bater sola por ruas desconhecidas, descobrir recantos encantados, livrarias raras, cafés cheios do charme do bairro.


Sair da monotonia, ouvir novas vozes e dizeres.




12.6.10

direct dialing


Ainda não entendo a tua ausência, as tuas palavras musicais com múltiplas interpretações.
O diálogo é supremo. Um pedido de esclarecimento vale mais que amuos ou faltas de coragem.
Dirigir-se directamente, com toda a força e gana, para resolver as querelas, para mostrar amor e ódio. Para juntar amantes e afastar inimigos. Juntar inimigos e afastar amantes.
Palavras directas.
Sem rodeios.
Adoro-as.
E no entanto...