28.10.07

As Horas

Orrivelmente toca um Relógio dentro deste espaco que é meu.Toca e como se não fosse ouvido volta a tocar.Algo que incomoda, não por existir, mas por lembrar que existe.
Esse sussurro, este ressoar pelas paredes irrita mais do que simples borrachas cheias de ar sobre uma estrutura pobre.
Se este relógio é assim tao intelligente e se sabe interpretar as Horas, vai perceber este lamento.
Nada me faz acreditar que o seu toque diferente me enganou nas horas em que quis acordar.
Durante toda a noite, onde eu sonhei e ri, acreditei que ia acordar a Tempo e Horas, para seguir o meu percurso quotidiano.Ninguém quer fazer o seu percurso quotidiano de sempre, planeado desde sempre. Toda a gente quer sentir-se acompanhado nas Horas de sono e sonho. Foi o que eu quis. E nisso acreditei: sonhar um Sonho diferente, daqueles que nos fazem suspirar a toda a Hora.Por vezes pensei abrir os olhos, principalmente quando o sonho me sufocava e não seguia o caminho que eu esperava. Mas eis que a mão com que eu sonhava tocava-me em jeitos de realidade e me acalmava. E conseguia? Sim, em Nome dos melhores e maiores sonhos.Em Nome do meu Sonho, em nome de sonos acompanhados, acalmava-me.
Até ao dia que deixa de me acalmar. Desaparece. Não se mostra interessada em acalmar-me. A Realidade física do Sono transfigurou-se.
Mudam-se as regras, Muda o jogo.E o Relógio de súbito volta a tocar-me. Aquela mão de pedra toca-me, sem deixar transparecer o quão fria é. Apenas toca, timidamente. Como toca o telemóvel num momento inoportuno.Voltei a acalmar-me e a esperar algo do Relógio. Sim, Ele acordou-me. Bateu-me de tal forma forte que acordei de todo o sono que se instalara. E Decidi nunca mais adormecer.
Decidi Acordar e não confiar nos instintos estranhos que envolvem a espécie Humana que ainda acredita no Sonho como forma de mediar.O Relógio não existe, as horas são algo inventado pelo o Homem para regular esta sociedade.
Acordei e senti-me enganada. Afinal pensava que era de manhã, e ainda era de noite.

1.10.07

Perfume

Sim.
Revolta descontente que faz chover a cada momento.
Chove, levantam-se ventos.
Dentro de uma caixa de perfume...
Seria melhor não haver motivos para tanto reboliço,
Mas a caixinha de perfume
cai e volta a cair do sítio onde Sente.
Perdão: do sítio onde assenta.
Insanidade descontente.
Ainda não acalmou a fragância,
Já está a caixinha de novo a cair...
Com saudades das antigas andanças.
Um dia a fragância estagna, perde o seu sentido
E morre...
Não falta muito.